26 julho 2017

Histórias do Anoitecer XLIX

A bondade, de tudo o que se faz, é avaliada em função dos requisitos que cada indivíduo atribui ao facto, em seu benefício pessoal. Ser capaz de fazer algo pelo outro, sem interesse, é raro. E, por ser humano, se tornam estranhos os comportamentos que fogem a este paradigma.
Tenho um segredo no bolso, que alguém irá descobrir. E, como será descoberto, então é um segredo temporário.
Toda a paixão peregrina de joelhos, sangrando a terra sequiosa do nosso sacrifício. Imaginar as minhas mãos entranhando-se no teu cabelo, puxando, suavemente, a tua cabeça, até te renderes aos meus lábios. E quando o teu corpo ceder, tremendo pelo contacto firme da pele, deixarás libertar o que te oprime e te afasta do amor que renegas. A tua lágrima na minha boca. Um sonho feito da ilusão que me preenche o imaginário, segurando em pontas toda a minha existência arrastada pelo chão. Os braços fechados em ti. Corações que galopam o pensamento, que se interroga sobre o que acontecerá a seguir. Como tornar possível o que agora parece distante? Piano fechado numa arrecadação, desafinado, não percutido, empoeirado, esperando que a porta seja aberta para a luz do sol descobrir.

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