07 outubro 2017

Há poemas...

Há poemas que se dizem com os olhos
Tão perto do respirar que os lábios tremem
Sentindo que a pele se empolga
Num desatino que se prolonga no pescoço
Deixando o colo entreaberto ao toque
Em beijos aleatoriamente planeados
Perseguindo o arrepio que nos escorre pelo corpo
Provando a doçura de um cheiro único
O aroma de um sabor que é só teu
E a loucura do coração num carrossel.
 
Há poemas que são carícias na face
Afagos que se desejam e poucos dão
Palavras que forjam raízes de vida
Sons que nos levantam do chão
Músicas cantadas em suave melodia
Numa surdina pingada em terra seca
Um grito abafado de uma boca carente
Um lírio chorado de um rosto perfeito
Num campo alagado de amor nascente
Qual água cintilante, reflexo da nossa luz.
 
Ai, como tudo poderia ser diferente
Se a vontade não fosse madrinha
E os teus olhos de Karnak ou Luxor
Não se abeirassem perscrutando os meus
Num abraço cheio de flores e de mundo
Pincelado de interrogações e receios
Que se derretem pelo fogo das mãos
Pela verdade marcada a ferro no peito
Num assombro secular e divino sim!
Há poemas que são o espelho de nós!

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