Há poemas que se dizem com os
olhos
Tão perto do respirar que os lábios tremem
Sentindo que a pele se empolga
Num desatino que se
prolonga no pescoço
Deixando o colo
entreaberto ao toque
Em beijos aleatoriamente
planeados
Perseguindo o arrepio que
nos escorre pelo corpo
Provando a doçura de um cheiro único
O aroma de um sabor que é só teu
E a loucura do coração num carrossel.
Há poemas que são carícias na face
Afagos que se desejam e
poucos dão
Palavras que forjam raízes de vida
Sons que nos levantam do
chão
Músicas cantadas em suave melodia
Numa surdina pingada em
terra seca
Um grito abafado de uma
boca carente
Um lírio chorado de um rosto perfeito
Num campo alagado de amor
nascente
Qual água cintilante, reflexo da nossa
luz.
Ai, como tudo poderia ser
diferente
Se a vontade não fosse madrinha
E os teus olhos de Karnak
ou Luxor
Não se abeirassem perscrutando os
meus
Num abraço cheio de flores e de mundo
Pincelado de interrogações e receios
Que se derretem pelo fogo
das mãos
Pela verdade marcada a
ferro no peito
Num assombro secular e
divino… sim!
Há poemas que são o espelho de nós!
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