11 dezembro 2006

Arquitectanto...



Sei sempre o que quero, por mais difícil que pareça. O que não quer dizer que obtenha a satisfação dos meus desejos de imediato. E sei que alguns deles nunca serão satisfeitos nesta vida.
A luta pela sobrevivência não nos deixa grande tempo para sonhos mais grandiosos, mas não deixo de os ter. Claro que, a cada ano que passa, tudo parece mais complicado. Contudo, se a nossa disponibilidade para aprender for sempre generosa, talvez a vida nos dê outras oportunidades para demonstrarmos que vale a pena andar por aqui.
O meu peito alberga a dor do que não foi cumprido. Também a tenho vertido nas palavras que aqui deixo, como flores numa campa, cobrindo o passado. O mármore é frio como a minha face, olhando o desvario do mundo. Não deixo que as luzes que acendi se apaguem. Algumas já são tão ténues, mas não as esqueço, para que ardam, apesar de tudo, e me façam sentir que vivi.
Uma coisa eu tenho agora a certeza: por mais justos que queiramos ser, nunca o conseguimos ser em absoluto. Mas ter a consciência disso, e saber que sempre o tentamos ser, é pelo menos consolador. Pode não valer o reino dos céus, mas faz-nos sentir a brisa nas asas, num espírito atribulado. Nada é em absoluto e a nossa humanidade encarrega-se constantemente de o demonstrar.
E, mais uma vez, quero construir…

7 comentários:

liliana miranda disse...

Daniel querido,
"Não deixo que as luzes que acendi se apaguem. Algumas já são tão tênues, mas não as esqueço, para que ardam, apesar de tudo, e me façam sentir que vivi"
Sentir que vivi e assim continuar a viver... é lindo isso! não resisti e roubei este trecho pra colocar no Traduzir-se... Perdoe-me o "roubo"
um beijo grande pra ti!

Irene Ermida disse...

Daniel
A última frase, apesar de curta, acaba por ser a mais importante, porque a mais densa... «mais uma vez» em vez de «nunca mais»; «construir» em vez de «esquecer»...

Unknown disse...

Meu querido Daniel, escreves pedaços de vida sempre com tanta sensibilidade, onde noto uma certa nostalgia. O apagar das luzes que acendestes seria o terminar de fé em que ainda acreditas. Que as luzes fiquem fortes e que sejas feliz. Um grande beijinhos amigo

Anónimo disse...

Muito sentimento "sentido" neste post...

Paula disse...

"por mais justos que queiramos ser, nunca o conseguimos em absoluto"...
Numa altura em que como professora tenho que avaliar, esta frase bem mesmo ao encontro do meu sentimento...

[[cleo]] disse...

Uma reflexão bastante profunda, contida num texto simples e carregado de sentimento!
O que somos?
O que fazemos?
O que esperamos ainda?
O que nos alegra e entristece?
De alguma forma, consegues expressar e responder a estas questões da vida real.
Gostei muito, mesmo!

Beijinho soprado

Anónimo disse...

Luz...primordial manter em nossas vidas.
- Adorei seu Texto, Daniel Aladiah!

ggBeijinho