02 julho 2015

Histórias do Anoitecer XXI


Há quem tenha tudo para ser feliz, mas não o consiga. Mistério, ou talvez não. Há traumas que não deixam algumas pessoas viver. E colecionam obsessões e medos, que as atormentam, sem que ninguém as consiga ajudar. Enredam-se nas suas crenças, que julgam a verdade, e sofrem de uma frustração permanente. Quisera ser capaz de inverter tais situações, mas elas só reforçam a minha própria frustração, demonstrando o quão imperfeito eu sou, quando quero ajudar o outro.

Comecei com doze anos a querer ajudar, a querer ser “perfeito”, a não querer aproveitar-me de quem porventura estaria fragilizado, e que consegui? Nada, ou muito pouco. Aprendi que ninguém ajuda ninguém que não queira ser ajudado, e que as soluções para os problemas estão latentes em cada um. Com esta abordagem, consegui melhorar a vida de alguns, mas contam-se pelos dedos de uma mão aqueles que o reconheceram. Mais um defeito meu, querer, às vezes, ser reconhecido. É uma vaidade humana, que tenho conseguido controlar.

Também penso, e quem me ajuda? Todos precisamos de um ombro ou de uma orelha, alguma vez. Incompreensão? Muita. Mas talvez seja culpado de não me saber fazer compreender. E gasto muita energia e verbo para o fazer. O problema é que as pessoas querem muitas vezes o que eu não tenho para dar. E, aí, não cumprindo essa função utilitarista, parece que já não somos ninguém. Não importa. Tenho a consciência de ter influenciado muitas vidas, espero que para bem e para melhor. Há quem diga que se formos aqui reconhecidos, já não o seremos no "céu". Não acredito em prémios ou castigos do outro lado. Deus é amor, seja qual for a situação. É aqui na Terra que tudo acontece, para o bem e para o mal, restando-nos acreditar que poderemos refazer o plano da alma depois, noutra vida, material ou espiritual, que efabulamos, que queremos, em que queremos crer, mas que não sabemos se é.

1 comentário:

Anónimo disse...

Hoje estou aqui, amanhã...
Tem o coração mais Nobre que conheci.
Dá apenas pelo prazer de dar, sem cobrar, sem ambicionar.
Não cumpre funções, cumpre apenas a generosidade do seu Ser.
Aqui na Terra temos o Bem das suas Acções e Palavras.
Bem Haja!