23 março 2017

Histórias do Anoitecer XXXV







Há sempre um antes e um depois, quando acontece algo que nos faz colocar em frente da morte. Somos eternos pela alma, ou queremos sê-lo.
Relembro ciclos poderosos de escrita. Quase não versejo, mas a narrativa da ciência parece estar num apogeu. E, mais uma vez, olho à frente, para sentir o que vem, enquanto vou dando passos resolutos para que o encontro aconteça.
Imagino o bater do meu coração descompassado, antecipando o mergulho na inconsciência. Voltar, depois, a definir um rumo, pois sinto que há veredas por percorrer.
São pequenas coisas que importam: uma mão na nossa, um olhar que se interlaça, um chão que nos ampara, uma ternura que sorri…
Importa o sonho? Talvez, na medida que recria metaforicamente o que se teme ou deseja. Sendo todos um só, agimos de forma individual, afirmando uma identidade que queremos defender, pois somos incapazes de compreender o todo.
E somos memórias que se vão desmobilizando. E somos sangue que se vai afastando. E somos histórias que vamos construindo. Um registo infinitesimal de uma realidade que se nos escapa, perdidos num infinito para o qual não encontramos uma saída.
Mesmo assim, a humanidade expressa no amor, inconsistente, bem sei, a vontade de fazer parte de um cosmos, que continua a ser um mistério…





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