A marca indelével do teu olhar, despindo-me a alma,
brincando com os meus botões, deixando-me o peito em alvoroço. Tinha sonhado
contigo sem saber quem eras.
E agora sinto-me prisioneiro do meu próprio cárcere, e não
quero fugir.
Fui nómada no deserto, capitão do mato no Brasil, centurião
romano em Pula, monge escriba, romântico das letras no século XIX, e sempre te
vi partir, ora porque te abri o caminho da fuga, ora porque casavas com outro,
ora porque te levavam para outras paragens.
Como se estivesse no meio do mar sem bússola ou sextante.
Fechar os olhos e imaginar o caminho até ti. Abrir a mão para sentir a
distância. Consigo percorrê-la com o pensamento, chegando na tua mente como se
fora uma carícia, um beijo suave, um roçar terno de pele.
E todas estas manifestações me atordoam a solidão, me iludem
a realidade, e me mantêm vivo de esperança. As lágrimas brilham-me o olhar que,
languidamente, perscruta o horizonte, esperando vislumbrar a tua silhueta que,
finalmente, venha até mim.
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