Sinto o corpo esquartejado pelo amor. Dividido, sofrido,
incompreendido, desejado, mal-amado e, acima de tudo, fora do tempo, sempre.
Já fui flagelado, coroado de espinhos e crucificado. Não
como o corpo de Cristo, obviamente, mas na alma. Um verdadeiro cana-verde.
Nunca recebi quanto dei. Provavelmente, houve muitas vezes
que não dei. Mas não tinha de dar. Não posso ser culpado de não amar. Mas sou
culpado de amar, e por isso sofro.
Possam as lágrimas que verti construírem um novo rio. Uma nascente
pura, sem toda a mácula que a vida nos vai pincelando. Não preciso de desejar
ser inocente, porque o fui. Não preciso de desejar ser culpado, porque o fui.
Preciso é de redenção, não porque tenha feito mal a alguém, dolosamente, mas
porque sou culpado e vítima do amor.
Já morri várias vezes. Quero renascer num mundo novo…
Sem comentários:
Enviar um comentário