Será que tenho de deixar de acreditar?
Vejo em tantos olhos a amargura da desilusão. A desesperança
leva à acomodação. Adaptamo-nos a sobreviver sem propósito, imaginando que o
respirar é tudo. Por mais que cultive a verdade, continuo a colher frutos
degenerados pela mentira e pelo engano. Há locais e pensamentos que me recordam
as mágoas que transporto. O passado é sempre passado, pouco importa, mas as
pessoas ficam.
Será que tenho de deixar de acreditar?
Sou náufrago do imaginado e inafundável navio da minha vida.
Concretizo todos os sonhos de formas diferentes das planeadas. Mas continuo à
deriva, agarrado aos destroços do coração, suspirando pela sintonização de um
momento que ainda não ocorreu. Temo pelo tempo. E ainda penso que será nesta
passagem que ocorrerá o comungar de olhares que já vislumbrei, mas que não
retribuí. Não quero crer que seja uma ilusão. Quero que a fé, a esperança e o
amor continuem a fazer parte do meu ser.
Será que tenho de deixar de acreditar?
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