O nosso comportamento em termos de afectos permite
que nos dividamos em quatro categorias, que estão relacionadas com as operações
algébricas. Obviamente, este texto pretende, tão somente, que pensemos nos
nossos comportamentos. Assim, temos:
1 – Os subtractores caracterizam-se por substituirem
afectos: se o afecto aumenta por alguém, então diminui por outro. Procuram
também subtrair o afecto dos outros, criando situações de chantagem emocional: “ou
gostas de mim ou do outro”; “tens de gostar mais de mim do que dele”. Exigem
exclusividade afectiva. Será que aqui se encontra o amor sexuado, na maior
parte dos casos?
2 – Os divisores caracterizam-se por dividir os
afectos. Utilizam uma lógica de total a dividir pelas partes. Mantêm-se presos
a grupos pequenos de amigos, familiares e amante, esperando que estes também dividam
o seu afecto consigo. Os seus afectos podem ser fiéis, mas não têm a
intensidade dos subtractores. Será que aqui se encontram as pessoas que mais se
isolam?
3 – Os aditivos procuram somar afectos. Têm
tendência a partilhar os afectos dum ponto de vista incremental: quantos mais
melhor. Querem afeição mas também retribuem do mesmo modo. São muitas vezes
egoístas, tendo uma relação passiva quanto aos afectos entre os outros, não se
preocupando com aquilo que não lhe diga directamente respeito. Será que aqui
temos os predadores?
4 – Os multiplicadores patrocinam a dispersão dos
afectos por um número crescente de pessoas, criando cada vez mais ligações
entre estas. Têm uma postura activa de crescimento do património afectivo do
grupo. São capazes de amar, de fazer amar e de serem felizes com a felicidade
dos outros. Podem chegar ao sacrifício individual, caso seja o melhor para quem
amam intensamente. Será que aqui estão os verdadeiros amantes?
(é favor criticar à vontade… Isto dava para construir um daqueles inquéritos psicológicos, como aparecem nas revistas, mas como nada há aqui de científico, fico-me pela provocação.)
2 comentários:
Todas as hipóteses considerei
sem nenhuma resultar, dei e não recebi, deram-me e não dei, amei sem ser amado, amaram-se sem retribuição.
Os afectos estão aí no meio entre uns e outros, conforme o dia, as horas, os meses, os anos, toda a gente se magoa de algum modo, algum dia, mesmo que não queiramos magoamos, mesmo não querendo magoam-nos.
Viver é difícil, a questão dos afectos complicada, o amor incondicional, esse que falas de sermos felizes com a felicidade dos outros sinto-o muitas vezes, demasiadas até, digo-te: existe uma linha muito ténue entre ser-se bom e ser-se parvo. Algumas vezes senti que esse amar incondicionalmente, trouxe-me muita frustração e amargura, mesmo abdicando da minha felicidade em favor do outro.
Um dia acordei e realizei: foi tudo inútil, tudo inútil.
Abraço
errata: amaram-me sem retribuição
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