25 maio 2012

Teoria operacional dos afectos


O nosso comportamento em termos de afectos permite que nos dividamos em quatro categorias, que estão relacionadas com as operações algébricas. Obviamente, este texto pretende, tão somente, que pensemos nos nossos comportamentos. Assim, temos:

1 – Os subtractores caracterizam-se por substituirem afectos: se o afecto aumenta por alguém, então diminui por outro. Procuram também subtrair o afecto dos outros, criando situações de chantagem emocional: “ou gostas de mim ou do outro”; “tens de gostar mais de mim do que dele”. Exigem exclusividade afectiva. Será que aqui se encontra o amor sexuado, na maior parte dos casos?

2 – Os divisores caracterizam-se por dividir os afectos. Utilizam uma lógica de total a dividir pelas partes. Mantêm-se presos a grupos pequenos de amigos, familiares e amante, esperando que estes também dividam o seu afecto consigo. Os seus afectos podem ser fiéis, mas não têm a intensidade dos subtractores. Será que aqui se encontram as pessoas que mais se isolam?

3 – Os aditivos procuram somar afectos. Têm tendência a partilhar os afectos dum ponto de vista incremental: quantos mais melhor. Querem afeição mas também retribuem do mesmo modo. São muitas vezes egoístas, tendo uma relação passiva quanto aos afectos entre os outros, não se preocupando com aquilo que não lhe diga directamente respeito. Será que aqui temos os predadores?

4 – Os multiplicadores patrocinam a dispersão dos afectos por um número crescente de pessoas, criando cada vez mais ligações entre estas. Têm uma postura activa de crescimento do património afectivo do grupo. São capazes de amar, de fazer amar e de serem felizes com a felicidade dos outros. Podem chegar ao sacrifício individual, caso seja o melhor para quem amam intensamente. Será que aqui estão os verdadeiros amantes?


24 de Fevereiro de 2004 – Dia de Carnaval
(é favor criticar à vontade… Isto dava para construir um daqueles inquéritos psicológicos, como aparecem nas revistas, mas como nada há aqui de científico, fico-me pela provocação.)

2 comentários:

Belos e Malditos disse...

Todas as hipóteses considerei
sem nenhuma resultar, dei e não recebi, deram-me e não dei, amei sem ser amado, amaram-se sem retribuição.

Os afectos estão aí no meio entre uns e outros, conforme o dia, as horas, os meses, os anos, toda a gente se magoa de algum modo, algum dia, mesmo que não queiramos magoamos, mesmo não querendo magoam-nos.

Viver é difícil, a questão dos afectos complicada, o amor incondicional, esse que falas de sermos felizes com a felicidade dos outros sinto-o muitas vezes, demasiadas até, digo-te: existe uma linha muito ténue entre ser-se bom e ser-se parvo. Algumas vezes senti que esse amar incondicionalmente, trouxe-me muita frustração e amargura, mesmo abdicando da minha felicidade em favor do outro.
Um dia acordei e realizei: foi tudo inútil, tudo inútil.

Abraço

Belos e Malditos disse...

errata: amaram-me sem retribuição