As muitas tentativas para chegar até ti goraram-se nessa tua
atitude descrente da vida. As noites sucedem-se e os corpos juntam-se. A parede
da confiança vai-se construindo, malgrado os atentados delirantes de que é
vítima. O vestido bordeaux jaz no imaginário. A viagem de sonho não tem
calendário. E vi uma criança correr...
A sociedade diminui em competências na inversa medida das
tecnologias. As oportunidades esfumam-se, mas acontecem sempre para alguns,
ligados ao poder. A ignorância é rainha e o mau-gosto da linguagem virou som
ambiente. O medo apodera-se de todas as brechas no amor. Os sonhos oníricos
quase assustam pela realidade das fugas e contradições. Esperamos uma via nova,
aberta à nossa consagração, mas acabamos junto ao muro que temos de
ultrapassar. Recomeçar é, muitas vezes, o continuar até conseguir. E, aqui,
sabemos que afinal há outro muro mais à frente. Não desanimamos. Sorrimos e
pensamos: é mesmo assim, nunca acabam, até porque tudo é redondo, e sempre
voltamos ao início, mais acima, mas na mesma longitude…
Por razões diferentes, sem pais e sem filhos. Olho as
ruínas. Sinto a imensidão do que não sei, na esperança de encontrar um vetor
que me leve algures no futuro. Sei que posso esperar mais um pouco, e
equilibro-me na secção da página, enquanto esta, lentamente, se vai virando,
mostrando o que pode ser conhecido a seguir…
1 comentário:
Muito belo! Perfeito!
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