A bondade, de tudo o que se faz, é avaliada em função dos
requisitos que cada indivíduo atribui ao facto, em seu benefício pessoal. Ser
capaz de fazer algo pelo outro, sem interesse, é raro. E, por ser humano, se
tornam estranhos os comportamentos que fogem a este paradigma.
Tenho um segredo no bolso, que alguém irá descobrir. E, como
será descoberto, então é um segredo temporário.
Toda a paixão peregrina de joelhos, sangrando a terra sequiosa
do nosso sacrifício. Imaginar as minhas mãos entranhando-se no teu cabelo,
puxando, suavemente, a tua cabeça, até te renderes aos meus lábios. E quando o
teu corpo ceder, tremendo pelo contacto firme da pele, deixarás libertar o que
te oprime e te afasta do amor que renegas. A tua lágrima na minha boca. Um sonho
feito da ilusão que me preenche o imaginário, segurando em pontas toda a minha
existência arrastada pelo chão. Os braços fechados em ti. Corações que galopam
o pensamento, que se interroga sobre o que acontecerá a seguir. Como tornar
possível o que agora parece distante? Piano fechado numa arrecadação,
desafinado, não percutido, empoeirado, esperando que a porta seja aberta para a
luz do sol descobrir.
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